Olha Isso!!!

sábado, 4 de abril de 2009

A Polêmica das Embalagens de DVDs


O mercado de DVD no Brasil, desde seu início, testemunha o descaso das distribuidoras com os consumidores. São filmes e séries mutilados em seu formato de imagem original widescreen, lançados aqui em fullscreen; áudio original multicanal disponibilizado apenas como estéreo; extras e comentários em áudio eliminados ou sem legendas em português; embalagens inferiores, e que não mantêm um padrão regular em coleções e séries; e a lista prossegue. E é em relação a embalagens que temos a mais recente “novidade” do mercado, que vem provocando polêmica entre colecionadores de DVD. Recentemente a Fox anunciou que abandonou a tradicional embalagem conhecida como Amaray (15mm de largura), trocando-a por uma versão mais fina dela – a Amaray Slim (7mm de largura). Segundo a distribuidora, as vantagens principais da nova embalagem seriam:
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- Redução no tamanho do produto;
- Economicidade (de espaço);
- Maior proteção ao produto;
- Praticidade;
- Modernidade;
- Beleza.
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Dentre elas, as 2 últimas não merecem maior consideração, afinal vêm (desculpem o trocadilho) embaladas numa alta dose de subjetividade. Redução de tamanho, isso é indiscutível – por possuir menos que a metade da largura de um estojo comum, o Amaray Slim proporciona uma significativa economia no espaço de armazenamento, seja na distribuidora, em lojas e locadoras, como na própria estante do colecionador. Já no que se refere à maior proteção do produto, tenho sérias dúvidas. Já conhecia a Amaray Slim antes do seu lançamento no Brasil, uma vez que ela era utilizada em alguns boxes da MGM/Fox que vinha importando dos EUA há uns 2 anos. Notei que elas tendem a soltar os DVDs bem mais do que a Amaray comum, principalmente na versão que comporta 2 discos (ainda inédita aqui). Por sorte até hoje não tive problemas de danos aos discos por causa disso, exceto alguns pequenos riscos que não comprometeram a reprodução. Mas é inegável o potencial para que ocorram problemas mais graves. Até porque, num box, as finas embalagens vêm agrupadas e protegidas por uma luva de cartolina, o que dá maior proteção ao produto. Mas por sua finura, a Amaray Slim, isolada, pode ser dobrada ou deformada com mais facilidade, soltando o DVD e aumentando o risco de danos no transporte. Isso sem falar na dificuldade que é ler o nome do filme em sua fina lombada!

No seu release, a Fox também fornece algumas informações de caráter duvidoso, como o fato de que a Amaray Slim foi “desenvolvida pela Fox Home Brasil e é inédita no mundo”. Como já disse, há tempos vinha importando boxes R1 que traziam estas embalagens, portanto de inédita ela não tem nada. Aliás, a própria Paramount do Brasil, antes da Fox, já começara a lançar DVDs para locação na embalagem fina. Sem falar nos nossos conhecidos DVDs “genéricos”, que há muito utilizam a mesma embalagem. A própria Fox no Brasil já vinha substituindo as embalagens Digipack ou Amaray de seus boxes pela Amaray Slim. Além disso, a Fox cita uma “ampla pesquisa junto aos consumidores”, que como ela própria informa, consistiu em algumas dezenas de pessoas do Rio e São Paulo que compraram pelo menos 3 DVDs em 2007. Mas contraditoriamente, a maioria esmagadora de colecionadores, que discutem o assunto na internet, reprovou a atitude da distribuidora – de modo similar ao protesto surgido quando o canal pago da Fox passou a transmitir apenas séries e filmes dublados. Na verdade, o que está por trás da estratégia da Fox é mais uma tentativa da distribuidora em diminuir seus custos de fabricação, lançamento e distribuição de DVDs aqui no Brasil. A mesma Fox que, há alguns anos, foi a pioneira em criar janelas entre os lançamentos de DVDs para locação e venda direta, com os de locação custando o triplo do preço dos mesmos títulos, lançados três meses após para venda ao consumidor e via de regra bem melhor acabados, com a inclusão de extras. A pergunta que não quer calar: a adoção de uma embalagem inferior, portanto mais barata, resultará na redução do preço de venda do produto? Acredito que qualquer empresa tem o direito de reduzir despesas e aumentar receitas, porém quando isto resulta num claro prejuízo à qualidade do produto e, portanto, gerando insatisfação no consumidor, isso deve ser debatido.

Agora o país está entrando na era do DVD de alta definição, com os primeiros lançamentos em Blu-ray feitos por Sony, Disney, Warner e a própria Fox. A superioridade da qualidade de som e imagem em relação ao nosso velho DVD é notável, porém no novo formato vemos a repetição de velhos problemas, como o lançamento de filmes sem extras e, quando eles estão presentes, sem legendas em português. E no caso da Fox, pior ainda – nem o próprio filme possui legendas ou áudio em português, já que a distribuidora simplesmente está importando o produto norte-americano. No entanto, quanto à embalagem dos novos discos Blu-ray... ela é sim um pouco mais compacta que uma Amaray comum – porém apenas na altura, na largura ela possui a mesma medida (ver foto comparativa abaixo). Acho que isso tem algum significado relevante...
Compare as embalagens: Amaray (embaixo) Amaray Slim (no meio) e Blu-ray (acima)

EMBALAGENS
Se você acompanha minhas resenhas de DVDs, deve ter notado que na maioria das vezes cito o tipo de embalagem utilizada, porque acredito ser este um item de relevância para o colecionador. Para uma melhor compreensão deste artigo, abaixo listo as principais tipos de embalagens de DVDs utilizadas no Brasil;

Amaray – É a embalagem mais tradicional, usada desde o lançamento do formato pela maioria das distribuidoras. Nos primeiros anos apenas a Warner utilizava um estojo diferente, de cartolina com suportes de plástico; porém acabou substituindo-o pela Amaray, normalmente feita de plástico preto ou transparente, com a capa de papel embutida de modo similar à das velhas fitas VHS. Em seu interior, além do DVD preso em um encaixe situado na bandeja direita, pode vir um encarte de papel com a relação dos capítulos do DVD, fotos e outras informações. Infelizmente, a redução de custos de fabricação praticamente eliminou os encartes de DVD no Brasil.



Amaray Dupla ou Tripla – É o mesmo estojo acima, com uma bandeja central adicional onde pode ser acondicionado mais 1 (ou 2) DVDs. É amplamente utilizado nos lançamentos duplos, porém o encaixe do disco em algumas bandejas centrais pode provocar rachaduras no DVD a partir do seu orifício. O ideal é, com um estilete, cortar o miolo do encaixe para diminuir a pressão no disco.



Amaray Slim – Sem ser tão revolucionária como a Fox apregoa, não passa de uma versão fina da tradicional Amaray, em plástico transparente, já bem descrita no artigo. Nos EUA já há estojos deste tipo para 2 DVDs - boxes de 6 discos utilizando 3 Amaray Slims são consideravelmente mais finos que os normais. Os colecionadores reclamam que, a partir de agora, terão de pagar caro por DVDs legítimos que se parecerão com DVDs piratas. Sem maiores comentários...




Em breve por aqui? Amaray Slim para 2 DVDs


Scanavo – Não sei se esse estojo é uma invenção brasileira, mas se não é, pelo menos parece. Nele, que por fora parece um Amaray comum, as distribuidoras conseguem enfiar 4 DVDs. Em cada uma das 2 bandejas da embalagem há 2 encaixes, o que faz com que parte de um disco fique sobre o outro, o que complica sua retirada e colocação.

Digipack – Surgiu nas edições especiais de CDs, e posteriormente se consagrou nos melhores boxes de DVDs. É uma embalagem de cartolina que, envolta em uma luva grossa, é desdobrada para revelar os DVDs, presos em suportes de plástico transparentes. Os primeiros boxes Digipack lançados no Brasil foram os de Arquivo X, pela própria Fox - porém os suportes plásticos dos discos eram quebradiços e se descolavam da cartolina. Como resultado, discos soltos. O problema foi corrigido, e a embalagem Digipack de boa qualidade ainda hoje é a preferida pelos colecionadores para boxes, ou lançamentos duplos exemplares como o de Piratas do Caribe: O Baú da Morte. É o tipo de embalagem usada nos boxes mais caprichados, como os das edições estendidas da trilogia O Senhor dos Anéis, inéditas no Brasil.




Digistack – Vindo logo em seguida na preferência dos colecionadores, neste tipo de embalagem os discos estão em suportes plásticos unidos, que se abrem como as folhas de um livro, envoltos em uma luva de cartolina.


Ainda há outros tipos de embalagens, mas tratam-se de variações das acima ou são totalmente personalizadas, normalmente utilizadas em edições limitadas.


Jorge Saldanha
PALAVRA DO EDITOR

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